RIO 2016

Sargento Ana Sátila comenta desclassificação no circuito de canoagem slalom

Em entrevista, militar fala da penalidade que sofreu e sobre o 17º lugar
Publicada em: 13/08/2016 10:38
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Fonte: Site Brasil 2016
Edição: Agência Força Aérea, por Ten Cynthia Fernandes

São quatro anos de preparação entre um ciclo olímpico e outro, que se resumem em segundos. E foram segundos que marcaram uma vida inteira. De Londres 2012, quando era a atleta mais jovem da delegação brasileira, com 16 anos, para o Rio 2016, quando entrou para competir no Circuito de Canoagem Slalom, em Deodoro, a Sargento Ana Sátila - da Força Aérea Brasileira (FAB) - passou de promessa a esperança de medalha para o país.

Nesse período, foi acumulando bons resultados a cada categoria que passava: Júnior, sub 23, até a principal. Na última segunda-feira (08/08), ela fez a primeira descida no circuito, um local conhecido e de que ela gosta. Nas arquibancadas, o apoio da torcida, que incluía os familiares. Expectativa do tamanho da frustração pelo resultado que não veio.

“Eu fiquei muito triste, foi a pior noite da minha vida”, revela a atleta. “Eu estava treinando muito para essa competição, era muito importante para mim, para o meu País e eu não consegui nem avançar para a semifinal. Foi uma derrota imensa, eu estava muito chateada”, continua Sátila.

Na fase classificatória da prova do K1 feminino, em que cada canoísta realiza duas descidas no canal, os 15 melhores tempos avançam. A brasileira, que após a primeira descida estava em 12º lugar, terminou o dia em 17º, depois de sofrer com uma penalidade de 50 segundos na segunda tentativa, por não passar em uma das balizas.

A expectativa se transformou em lágrimas após o resultado final. “Eu cheguei na Vila e não saí mais do quarto até o dia seguinte, quando recebi várias mensagens de apoio. Começou com o pessoal me visitando, tentando me ajudar, me animar”, revela.

A baliza

Hospedada na Vila dos Atletas, a atleta acordou às 7h da manhã no dia da prova, como de costume. Tomou seu lanche, colocou uma música e fez alongamentos. Se arrumou e foi pegar o transporte para Deodoro. Ao chegar ao local de provas, fez a análise do circuito com o técnico e fez o aquecimento na água, cerca de uma hora antes da competição, marcada para as 13h. Após a preparação, nova análise da pista, um lanche e concentração para a primeira descida.

“Eu fiz o que geralmente faço nas competições. Estava calma, concentrada, relaxada, preparada. Eu queria muito competir. Tinha gana de descer, de participar dos Jogos, queria que começasse. Eu estava me sentindo muito bem”, descreve. Caiaque na água, 24 balizas e o tempo de 110.80 segundos.

“Minha primeira descida eu não fiquei satisfeita, claro, tive alguns erros que eu poderia melhorar bastante”, lembra. Fim da primeira descida das 21 canoístas e Sátila marcava o 12º tempo, que lhe dava a vaga às semifinais.

Hora da segunda descida e a chance de melhorar o tempo para garantir de vez a classificação. Sargento Ana Sátila entra no circuito e vai remando forte, com um tempo parcial que estava rendendo os primeiros lugares da classificatória. “Fiz uma segunda descida dando tudo. E foi o que estava acontecendo, estava sempre no limite das portas, indo muito bem, até a parte final, onde eu levei a penalidade”.

Uma corrente de água do circuito afundou parte do caiaque num ponto ruim e ela passou com a cabeça fora da baliza. “Estava concentrada, sabia o que fazer. Só que na canoagem slalom a água sempre muda, não fica do jeito que você analisa. Acabou que a onda segurou meu barco e não consegui chegar onde queria”. Naquele instante, ela não havia se dado conta da infração. Segundos depois, o locutor da arena narrou o fato e a canoísta escutou, quando ainda estava fazendo a descida. “Para mim eu tinha passado (pela baliza), depois fui para a segunda porta, tinha um caminho longo até a baliza seguinte e ouvi o locutor falando que tinha penalidade, mas continuei normal, já estava acabando a pista”.

Ela percorreu o caminho em 99.12 segundos, o que lhe daria a quarta marca, mas com a penalidade de 50 segundos, teve que torcer para que as atletas que viriam depois não baixassem o tempo. “As outras meninas começaram a baixar o tempo e fiquei fora”, descreve a atleta, que terminou em 17º, uma posição abaixo de Londres 2012.

Especialista no C1, ela abriu mão de competir nesta categoria este ano para se dedicar ao K1, única prova olímpica entre as mulheres. No entanto, a Federação Internacional da modalidade sinaliza com a inclusão da canoa individual nos Jogos de Tóquio 2020. Uma boa notícia para a brasileira. “Com certeza Tóquio vai ser uma surpresa, eu vou me dedicar ainda mais. É tudo o que quero agora, continuar remando forte e treinando bem”, projeta.

Fonte: Confederação Brasileira de Canoagem